terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

TRÊS

Nos últimos tempos tenho notado com as questões, os fatos, os personagens, as obras, se encaixam em número de TRÊS.

Voltaremos ao assunto, por enquanto leiam abaixo uma fábula real.

Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu são os três nomes mais famosos da história militar e política do Japão feudal. Eles compunham o trio de grandes generais guerreiros, shogun, que do século XIV ao XVI buscaram unificar os diversos domínios de seu país, em diversos momentos. (...)

... considere o poema, na verdade uma história folclórica, sobre os três shogun e o ho
totogisu. O hototogisu é um pássaro canoro do Japão, parecido com o rouxinol europeu, e tem um belo canto.Mas nesse poema o hototogisu se recusa a cantar, e o escritor descreve as diferentes formas de ação de Hideyoshi, Nobunaga e Tokugawa para fazer com que o pássaro cante. Após ouvir as histórias e conhecer algo sobre os históricos destes homens importantes, acho que você vai entender porque eu categorizo as atitudes das pessoas sobre o aprendizado no dojo como eu faço.

Oda Nobunaga, o mais velho dos três (1532-1582), era, para sermos delicados, um tirano violento. Como jovem general em início de carreira, ele percebeu uma fraqueza do governo do reinante shogun Ashikaga. Como um lobo atrás de um carneiro enfraquecido, Nobunaga atacou o shogun e derrubou seu governo. Por sua facilidade em usar a força bruta e intimidação, a estrela de Nobunaga continuou a ascender a partir daquele momento. Lembra do Darth Vader dos filmes Star Wars? Nobunaga teria considerado o Sr. Vader como um belo modelo.


... A imagem difundida de Nobunaga é a de um homem de olhos como contas,
sem nenhuma sensibilidade ou habilidades de negociação, que obtinha o que queria pelo uso simples e sem tato da brutalidade, pelo poder e terror. Naturalmente, ele foi assassinado por um de seus generais. No Poema sobre o hototogisu a linha sobre Oda Nobunaga diz:
Se o hototogisu
Não cantar
Mate-o.

Toyotomi
Hideyoshi (1536-1598) nasceu na classe plebéia japonesa e cresceu e se tornou um soldado comum. Através da sorte, habilidade e percepção do momento oportuno, conseguiu ser promovido até se tornar um dos shogun mais importantes do Japão. (...) Além de tudo, Hideyoshi era astuto, uma pessoa brilhante e manipuladora. Ele sabia quando ameaçar ou quando elogiar; ele tinha a habilidade de fazer o que fosse para conseguir o que queria, de maneira quase instintiva. Ele tinha um sucesso fenomenal como líder.(...)

É curioso que as belas artes floresceram dramaticamente sob o domínio de Hideyoshi. Talvez porque ele se sentia socialmente inferior à casta samurai devido às suas raízes plebéias, Hideyoshi se interessava por artes como a cerimônia do chá de forma entusiástica. Ele fez tentativas elaboradas de se juntar aos verdadeiros mestres das artes, mas sempre era vulgar e sem refinamento, talvez porque ele estava sempre mais ocupado em manipular as pessoas do que em aprender o que elas poderiam lhe ensinar. A parte do poema que descreve Hideyoshi diz:
Se o hototogisu

Não cantar
Tente fazê-lo cantar.

O último grande líder do velho Japão foi Tokugawa Ieyasu (1542-1616). Se você leu o livro Shogun ou viu o filme adaptado do livro, você reconhecerá Tokugawa no personagem ficcional Toranaga. A família Tokugawa era humilde (eles roubaram seu famoso símbolo de família – a malva-rosa - de um de seus próprios servidores). Mas eles eram ambiciosos. Ieyasu em particular demonstrava desde a juventude uma perspicácia impressionante e a capacidade de tomar o comando das situações. Ele selecionava seus aliados assim como seus inimigos. Ele era um mestre em estratégia. Como líder do clã Tokugawa ele sofreu derrotas, mas elas nunca foram tão importantes como suas vitórias.




Em 1600, Tokugawa conseguiu controlar virtualmente todo o país. O que tinha sido um sonho tanto de Nobunaga quanto de Hideyoshi, e ambos chegaram perto disso. Mas foi Tokugawa quem assumiu o papel de shogun soberano por todo o país após vencer a épica batalha de Sekigahara. Ele fundou um regime que durou trezentos anos. Tokugawa enxergava longe, era bravo e astuto. Mas acima de tudo, ele era paciente, sempre aguardando até que seu momento de ação fosse exato, com tudo a seu favor. Ele nunca se apressou; ele nunca estava ocioso. Sobre Tokugawa, o poema diz:
Se o hototogisu
Não cantar
Espere.


QUANDO O ROUXINOL NÃO CANTAR
http://hikari1.multiply.com/journal/item/46/46
Trecho de um artigo do livro MOVING TOWARD STILLNESS, do Dave Lowry (que também escreveu o maravilhoso livro In The Dojo, que em breve sairá em português)
Tradução - Jaqueline Sá Freire (Brazil Aikikai - Hikari Dojo – Rio de Janeiro)

O Líder e a História

Demétrio Magnoli, sociólogo, articulista do Estadão, em 19/2/2009, escreveu um artigo supimpa, que comenta o fenômeno Hugo Chavez, mas reportando a situações mais gerais da História, ou será história...????
Abaixo citação de uma frase muita bonita do artigo:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090219/not_imp326616,0.php
"Para os revolucionários, História se escreve com maiúscula. Os democratas escrevem história com minúscula. A democracia sustenta-se sobre uma convicção negativa: a ideia de que a história não tem "leis" nem destino. A metáfora do "trem da História" expressa a crença dos revolucionários na existência de uma ordenação da aventura humana cuja fonte é natural, econômica ou divina. Esta crença lhes confere uma chave mágica dos portais do futuro e o lugar político especial de partido que fala em nome do progresso."
Demétrio e eu temos uma ´história´singular, quando em 1980 ele era líder estudantil na USP - Universidade de São Paulo, quando ocorreu a primeira invasão da Reitoria da Universidade. Na ocasião eu não passava de uma poeira da massa seguidora daquele líder e de outros. Um pouco depois, eu me tornei um dos militantes da corrente política em que ele participava, conhecida como Liberdade e Luta no meio estudantil, mas essa é uma outra postagem.